As mulheres e crianças sofrem Violência Sexual o tempo todo, esse e outros tipos de crueldade todos os dias.
Não só as meninas, os meninos também sofrem Violência Sexual Infantil esse tipo de abuso e nem sempre (quase nunca) conseguem identificar.
Eu já trabalhei em escolas públicas, em abrigos e em casas de apoio. Trabalhei em escolas particulares (sim, também tem crianças ricas que sofrem abusos) e ficava infinitamente triste, estarrecida e chocada com muitos casos de abusos e estupros que aconteciam com as crianças.
São meninas de todas as idades e muitas delas ainda bebês, são meninos que não sabem o que é brincadeira e o que é abuso.
Alguns anos atrás fui ameaçada de morte por um avô que sempre estava junto a criança, um menino de quatro anos que tinha medo de ser abraçado. Até que percebi algo de muito estranho no comportamento de ambos. Denunciei!
Uns anos atrás vi um vídeo de um idoso abusando de uma menina de quatro anos dentro de um supermercado, foi algo tão asqueroso que me revirou o estômago. O vídeo estava em todas as plataformas possíveis onde a criança estava sendo exposta uma, duas vinte mil vezes.
Segundo o artigo 241 A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Art. 241-A.
Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Entendo que algumas mães acreditam que se divulgar os vídeos nas redes sociais está ajudando a prevenir ocorrências, mas pensem na lei e principalmente na violência que a família e a criança estão sendo submetida novamente e novamente. Todas as vezes que as pessoas baixarem o vídeo e enviar a criança e a família estão sendo violentados.
Minha sugestão é: Quer ajudar a divulgar e lutar contra esses monstros reais? Compartilhem as fotos do agressor, o acontecido, mas nunca os vídeos!
Uma mestra de direito em uma das aulas de pós graduação de Psicopedagogia que tive disse algo que nunca vou esquecer...
“O prazer que esses estupradores sentem ao se ver molestando as crianças é algo que os motiva a realizar novamente o ato”.
Conseguem perceber o sentimento doentio do monstro?
A presidente da Comissão Nacional da Mulher, Advogada da OAB, Eduarda Miranda, afirma que o estupro, é quando há a prática sexual não consentida por parte da mulher, independentemente da idade. Já o assédio e o abuso podem ser configurados em psicológico (ou moral) e sexual. O primeiro envolve ameaça, perseguição e manipulação. O segundo envolve o corpo: um contato sem ser consentido, uma cantada já negada ou qualquer atitude que não seja bem-vinda pela mulher.
Segundo a Folha de São Paulo foram 2667 registros em março na cidade de SP, dois terços foram de vulnerável. Esses números oficiais são da Secretaria de Seguranças Públicas. Números que superaram os de agosto de 2013, ataques foram 978, sendo 640 de vulnerável. São 31 ataques por dia.
Quantas mulheres que sofrem e não denunciam por vergonha, medo ou qualquer outro motivo. As crianças que são estupradas e não sabem o que está acontecendo consigo. As famílias que não registram por não querer se expor e acabar com a “harmonia” da família ou denunciar alguém da família (pai, filhos, tios, etc.).
O estupro de vulnerável é tipificado no artigo 217 - A
Estupro de Vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Como devemos conversar com as crianças sobre o assunto?
Ensine a seus filhos que eles podem confiar em você e que não existem “segredos”, e que qualquer coisa eles não possam contar para vocês. Não se esqueçam de dizer que o corpo é algo que é muito íntimo e não devemos deixar que toquem. ESSE CORPO É MEU!
Desde muito pequena minha mãe conversava sobre o meu corpo e sobre os limites que eu deveria exigir. Quando tomávamos banho ela dizia:
“De quem é essa parte do seu corpo (peito, bumbum entre outras partes)?” Eu dizia prontamente, “MINHA!”. Então, nunca deixe NINGUÉM TOCAR, ninguém!”...
Fale de forma lúdica, ou de forma mais direta se for assim que fazem em sua família. O importante é que seja dito sempre e de várias formas para que a criança absorva da forma que ela melhor entender e aceite, aprenda.
Se omitir também é crime e crueldade. Não fique calado, denuncie quanto mais falado sobre o assunto mais leis sem fendas serão criadas para que ninguém fique impune desses atos devastadores. A Violência Sexual Infantil destrói a vida de quem é violentado, destrói a família, destrói a sociedade.
Aulas de educação sexual não é aula de como se aprende a fazer sexo, é o momento muitas vezes de reconhecer que está sendo abusada!!!
Recentemente um menino denunciou o amigo do pai que o abusava depois de uma reportagem na televisão. Educar nossos filhos é protegê-los!
A Violência Sexual Infantil sofrida pode destruir o psicológico da criança, jovem e adulto. Pode ser fatal para muitas pessoas.
Dicas de livros para informar de forma Lúdica Prevenção de Violência Sexual na Infância
· Pipo e Fifi - Carolina Arcari do Instituto Cores. Prevenção de Violência Sexual na Infância
· Meu corpo é especial - Um guia para que a família converse sobre abuso sexual Autora: Cynthia Geisen
· Segredo, Segredíssimo - Odívia Barros
Referências bibliográficas:
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